domingo, 26 de outubro de 2008

Style Council - Confessions Of A Pop Group (1988)


O que um disco pode ter de tão ruim para fazer um artisa consagrado como Paul Weller perder o contrato com uma gravadora? Na verdade, Confessions Of A Pop Group não fez Weller e seu Concílio de Estilo perderem o vínculo com a Polygram, mas abalou sua credibilidade a tal ponto que os colocou na posição de um grupo iniciante. A tal quebra de contrato viria com o disco seguinte, Modernism: A New Decade, no qual eles abraçariam a acid house com três anos de atraso e sob a visão elitista e "esnobe" que Weller forjara ao longo dos anos 80.

O Style Council foi uma excelente banda, não entendam mal. Apenas estava no momento errado, talvez. A história você já sabe: Weller, cansado dos anos punk à frente do Jam, desmanchou sua banda original e montou um duo com o tecladista Mick Talbot, no qual exploraram terrenos musicais não mapeados, ou seja, a bossa nova de gringo, o sambinha de branco e, claro, o soul e o funk estilizados.

Falando assim até parece que o Style Council era horroroso. Nada disso, apenas era pomposo demais, cheio de uma fleugma meio falsa, mas, por trás disso tudo, Weller parecia se divertir com as pessoas e aproveitava para exercitar sua verve de compositor, se aventurando por suítes de piano e decalques de soul. Na carreira de quatro discos, entre 1984 e 1988, são soberbos Our Favourite Shop e Cafe Bleu. Já Cost Of Loving e Confessions Of A Pop Group estão no lado de baixo da tabela.

Injustiça, ainda mais se passarmos os discos pelo filtro do tempo. Esse trabalho, que eu tinha em LP, é um belo momento do pop orquestral, cheio de pianos e com uma bela performance vocal de Paul Weller. A abertura com "It's A Very Deep Sea" é um exemplo do que o disco oferece. Talvez a implicância maior com o Style sempre tenha vindo de críticos órfãos do Jam e incapazes de se emocionar com boa música pop. "How She Threw It All Away" também é bem bonitinha. Agora, os momentos pianosos de Talbot são como se Richard Clayderman tivesse passado pelo estúdio e apertado o "rec" enquanto o tecladista oficial estava no banheiro.
O maior acerto desse trabalho é "Changing Of The Guard", uma bela canção pianística, com uma boa participação vocal de Dee C. Lee, que foi, durante um bom tempo, a Senhora Weller.

Perca o preconceito e ouça.

3 comentários:

cláudia reitberger disse...

p***a, Freitas! Por que esse e não Cafe Bleu? Tu criou esse blog pra irritar as pessoas.

Anônimo disse...

Caro CEL:

Vi o comentário de um leitor em um post anterior, onde ele afirma ter sido muito influenciado pelos seus textos. Bem, gostaria de dizer que o mesmo ocorre comigo, acompanho o seu trabalho desde a época do "jornalzinho" Rock Press e depois pelo portal na internet. Simplesmente concordo com suas opiniões sobre a falta de conteúdo em bandas atuais, crias da NME, e de todo o contexto POP em geral. Através do seus textos eu conheci Grant Lee Buffalo, Jeff Buckley (em um pequeno texto para a Rock Press) e Van Morrison, só pra citar alguns.
Quando li seu texto sobre bandas Progressivas, decidi que iria lhe escrever, pois assim como vc eu vinha escutando muitas bandas prog da década de 70, principalmente YES e King Crimson. Busquei estas influências após constatar que a única banda que fazia música sem limites nos dias de hoje era o Mars Volta. Nem o Muse ou o Radiohead tem a sonoridade do Mars...
Sou fã de suas resenhas de discos e as acompanho com certa frequência, pois acredito que servem como bússola para os amantes da boa música hoje em dia.
Hoje tenho 29 anos, toco guitarra aproximadamente há 15 anos, mas nunca tive uma banda "séria". Mas com certeza se eu tivesse uma banda, eu gostaria que ela fosse resenhada por vc..rsrsrsrsrsrsrs
Finalizando, gostaria de enviar meus parabéns à um dos maiores críticos musicais da atualidade!!!!

Renato Faustino.

CEL disse...

Renato, muitíssimo obrigado pelas suas palavras tão importantes. Eu realmente acredito que a informação é o melhor caminho para as pessoas conhecerem coisas novas, sempre lembrando que as coisas "novas" podem ser de anos atrás. Fico muito feliz em ver pessoas que se conectam com o que escrevo sobre música pop.
Obrigado e força na sua banda!