segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Pet Shop Boys - Behaviour (1990)
O início da década de 1990 foi um tempo estranho. Enquanto o rock alternativo ainda não conseguia a visibilidade que o movimento grunge traria um ano depois e os megastars ainda grassavam pela Terra, este duo inglês fez um disco praticamente perfeito.
Neil Tennant e Chris Lowe já estavam no quarto trabalho, capitalizando singles nas paradas de sucesso em seqüência e travavam um simpático duelo com o New Order pela hegemonia da cena dance-house-tecno-whatever. A disputa entre a banda de Manchester e os PSB parecia mais uma treta criada pela imprensa inglesa, mas, na verdade, Introspective (1988) dos Pet Shop Boys acabou engolido por Technique (1989) do New Order.
A "resposta" viria com Behaviour, um disco que colocaria no bolso o trabalho seguinte do New Order, Republic, principalmente pela coesão que trazia. Desde 1985 os PSB perseguiam um modelo musical único no cenário pop: eram blasés, esclarecidos, cultos, gays, capazes de conjugar influências dos anos 60 - a cantora inglesa Dusty Springfield chegou a cantar com eles no segundo disco, Please (1986) - de uma forma quase tão intensa quanto Morrissey fazia nos Smiths. Só que os PSB nunca deixaram isso atrapalhar a persiguição do esquema perfeito da canção: chique, elegante, precisa, luxuriante.
Fizeram isso em todos os antecessores de Behavior, mas foi nele que atingiram o topo. O single "Being Boring" permanece como um dos maiores acertos do pop desde sempre, cheio de cordas (arranjadas pelo maestro Angelo Badalamenti), guitarras serpenteantes e samplers tecladeiros de harpas, vocais, coros, tudo a favor da canção. O clipe da música adentrou as MTV's do mundo com sua estética p&b, trazendo a celebração da juventude no proverbial "último dia do resto de suas vidas", celebrando o rito de passagem para a vida adulta, tão bem descrito pela letra de Tennant, cantando bem como nunca.
Em outro momento do disco, mais precisamente em "How Can You Expect To Be Taken Seriously", a banda se vale de batida característica da época - talvez criada por Jazzy B e seu Soul II Soul um ano antes - e empresta tédio à crítica mordaz aos artistas que fazem caridade e se aproeitam da imagem. Brilhante. A versão do clipe é diferente da que o disco traz, o que me levou a uma busca incessante, resolvida anos depois. A canção em sua variante 7" Perfect Attitude Mix foi perseguida por mim por bastante tempo, mais sutil e climática que a versão do disco, com alguns riffs de guitarra que parecem meio fora de lugar.
Behaviour é um disco que mostra um mundo em transição, sem internet, celular, no qual o fax e o telex eram o máximo em comunicação. Estranho, mas real.
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6 comentários:
Pensei que ia ser o Introspective... Ainda bem que foi esse disco aí. Eu não sou fã dos PSB, longe disso, mas esse deve ser o melhor álbum da dupla. Tem duas canções de tirar o chapéu (ou o topo da cabeça, já que quase ninguém usa chapéu por esses dias): "This Must Be the Place I Waited Years to Leave" e "My October Symphony". Essas são muito bonitas MESMO. O resto do disco é ok, desce redondinho.
CEL, não seria interessante colocar a lista completa das canções dos álbuns selecionados no blog?
No mais, parabéns pelo blog, apesar de que eu ainda acho que a seleção musical tá muito anos 80 pro meu gosto, rsrsrsrs.
Valeu, grande Zeca! Estou seguindo a maré musical. Daqui a pouco entro numa onda rock 60's, soul 70's e a coisa muda.
Sobre as músicas, tem razão, vou atualizar os posts anteriores e fazer o novo com essas infos.
Abração, amigo.
Desse disco eu destacaria também "This Must Be The Place I Waited Years To Leave" (pra mim uma das melhores deles) e "My October Symphony". Me amarro no PSB até esse disco. Depois desse acho que eles mudaram muito o som e eu perdi o interesse. E também chegou a era do grunge, parei de ouvir tecnopop nessa época e só queria ouvir guitarras e gritos. :)
Zeca "Jeca" Camargo fez uma resenha pra Showbizz sobre um disco do PSB, aquele da capinha de borracha laranja. Dizia que era "enfeite de mesa de centro de apartamento de rapaz solteiro". Melhor coisa que ele já escreveu na vida! Quanto ao PSB, "Rent" é uma música pra considera-los, e só.
De fato, rola um consenso que o Behaviour é o último grande trabalho dos sujeitos. O Very, que tem a tal capinha laranja, é beeem mais fraco.
Nossa. Discordo,e MUITO. Acho que VERY é uma consequência do trabalho feito em Behavior, só que já apontando para outros caminhos, e há muita coisa boa nele, como Liberation, Dreaming Of The Queen e outras. Ironicamente, Go Wets é, para mim, o ponto mai fraco, a despeito de ter sido a musica de trabalho. E a versão dupla traz o excelente Relentless, mais experimental e abusadamente eletrônico, que tem pérolas como "One thing leads to another"
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