segunda-feira, 20 de outubro de 2008

David Bowie - Station To Station (1976)


Por incrível que pareça, não é tão fácil gostar de um cara com uma carreira tão extensa e gloriosa quanto Bowie. Pelo menos pra mim. Durante um bom tempo ele foi alvo da minha curiosidade, daquela forma: "o que esse cara tem de tão genial assim?". Bem, isso foi lá pelos anos 80, quando comecei a ouvir música decentemente.

Naquela época eu gostava de "Let's Dance" (a música) e "Blue Jean" (faixa presente em seu disco de 1984, Tonight) de uma maneira mediana. Mesmo lendo maravilhas sobre Bowie e seu trabalho multifacetado, o click não acontecia. Até que ouvi Station To Station e fiquei assombrado. Como era possível encher um disco de tanta informação e elementos não-musicais daquela forma? E quem era esse tal de Thin White Duke, uma das personas de Bowie, que assumia para si a autoria e a responsabilidade por um disco tão claustrofóbico.

Station To Station é um disco de transição, talvez o melhor com essas características jamais feito. Provavelmente Bowie não imaginava isso pro álbum, mas, ele antecipou sua famosa trilogia berlinense, na qual ele gravou Low (1977), Heroes (1977) e Lodger (1979), três monstros musicais que apontam para todas as direções possíveis, mesclando eletrônica, pop, futuro, passado, concepções avançadas e olhares retrô para tudo que poderia ser feito. Sem exageros.

Pois bem, Station To Station é o vislumbre disso tudo. A sua percepção e entendimento melhoram se o disco for visto como o ponto de partida para o vôo mais alto de Bowie.
Aqui estão músicas como "Stay" (sua introdução "whitexploitation"), "TVC15" e a maravilhosa "Golden Years", mais um rescaldo saudosista do trabalho anterior, Young Americans (1975), banhado de soul de branco.
Station To Station, a música, tem dez minutos de duração, tempo suficiente para Bowie desfilar um palavrório sobre totalitarismo, cocaína, esgotamento pessoal e flertar com o futuro de livros como 1984 (George Orwell) ou Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley).

Station To Station é muito mais que um disco.

3 comentários:

Selma Boiron disse...

Bowie é msm o máximo! E esse álbum, com parceria de John Lennon em "Fame" é especialmente bom! Vlw, CEL!

CEL disse...

"Fame" é um colosso mesmo, está no Younge Americans, de 1975. Fiquei na dúvida sobre qual disco do Bowie eu abordava primeiro, Station acabou levando a melhor.

zeca disse...

Bowie é deus e deusa, Mateus e Mateusa!