quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Mick Jagger - She's The Boss (1985)
O primeiro trabalho solo de Mick Jagger não é grande coisa. Mesmo que uma constelação de músicos faça parte dele. De Herbie Hancock a Jan Hammer. De Nile Rogers a Jeff Beck. De Sly & Robbie a Bill Laswell. De Pete Townshend a Carlos Alomar, só feras. Mas nem tudo aqui é ruim.
Mick vinha da turnê de Undercover, disco dos Stones de 1983. Resolveu gravar com gente diferente, fazer algo mais pop e sem a cobrança habitual sobre um trabalho de sua banda original, ainda que pareça óbvia uma cobrança maior sobre um dos integrantes a lançar seu primeiro disco longe dos companheiros. E depois disso lançaria Dirty Work, tido por muitos como o pior disco já lançado pelos Rolling Stones.
Por isso She's The Boss foi massacrado pela crítica, apesar do sucesso do single "Just Another Night". Eu gosto dessa música e acredito que ela renderia um rockão se fosse relida nos dias que seguiram. A bateria parece uma linha de montagem industrial, mas o groove é legal e Mick aparece em forma. "Lucky In Love", como ressaltou um fã de Stones acima de qualquer suspeita hoje mesmo, é uma canção pop acima da média para o que era feito na época.
É bom lembrar que, em 1985, os sintetizadores e as sonoridades mais plásticas e anacrônicas (hoje, claro) eram moda. Ouvir discos desse tempo é um exercício de amor à arte e, numa percepção desencanada, pode render boa diversão.
O clipe de "Just Another Night" (rodado no Brasil) trazia Mick dando uns pegas na atriz Rae-Dawn Chong, meio americana, meio tailandesa ou algo assim. Ela é a coadjuvante de Arnoldão Schwarzenegger no abominável Comando Para Matar. A história envolve putaria, exotismo tropical e um gringo no epicentro de tudo. Bem ao estilo do velho lábios de borracha.
Mick só faria um trabalho digno de sua persona rocker em 1993, quando gravou Wandering Spirit.
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12 comentários:
Fala sério, Lima. "Just Another Night" é um lixo. não renderia rockão algum.
"Just Another Night" é bem divertida, sim. Seria um bom rockão canastroso com outro arranjo. Ainda acho que essa versão espalhafatosa original é sua melhor roupagem.
VIVA O CEL!!!!
nem é tão ruim, só é brega.
muito free jack essa epoca.
Nem é tão brega assim. Na época era um must. Acho legal.
Free Jack é de 1992, sete anos depois disso aí, meu rapaz.
Só uma retificação: NÃO houve turnê do "UNDERCOVER". Os Stones tinham saído da mega-turnê do "TATOO YOU", que terminou em fins de 82, gravaram o disco de 83 e resolveram "tirar umas férias" (na verdade, iniciar o período mais tumultuado da banda, em termos de esgotamento artístico, estafa física e guerra de egos). Só voltariam aos palcos em 89 (exceção feita a um "pocket show" em homenagem ao Ian Stewart em 85).
Tem outros dessa série de clipes do Jagger rodados no Brasil que são uma "pérola". O melhor é um em que ele canta e rebola no meio de uma multidão de presidiários (cenográficos, creio eu) e acaba sendo jogado numa solitária, ouvindo em bom português carioca: "Essa aí é sua casa, agora!!! Nunca mais vai sair daí, viu!!!".
Mais uma coisa: "Just Another Night" é tida como plágio, mas eu nunca ouvi a original (que é um reggae).
Tem razão, seu Malcher. Não houve turnê do Undercover, cometi um ato falho pois queria falar da excursão do Tattoo You, enfim...
Sobre o plágio, não conhecia essa história...
Sobre esse disco do Jegga:
1. Tá na cara que o Jegga queria tirar uma casquinha do sucesso pop que alguns dos seus amiguinhos estavam fazendo no início dos anos 80, especialmente o Bowie e a Madonna (que o Jegga havia traçado quando ela ainda era um projeto de estrela). Não é à toa que o Nile Rodgers está no álbum. A faixa 1/2 A Loaf soa como o grupo do Nile, Chic, e até que é legal de ouvir.
2. O título do disco tem uma piadinha embutida: "She's the boss". Quem é a chefe agora? É a Jegga! Entenderam? Jegga se livrou dos Stones e é a chefa!
3. Claro que Jegga ia querer fazer algo um pouquinho diferente dos Stones no seu disco solo (pero no mucho). Por isso o tom pop das canções do álbum. O disco vendeu mais de um milhão de cópias nos EUA, apesar da detonação que sofreu da crítica. Até hoje, é o único disco solo do Jegga bem-sucedido comercialmente.
4. Musiquitchas salváveis do naufrágio: Lonely At The Top (rockinho legal), 1/2 A Loaf (Chic rules!), Lucky In Love (pop bacana) e Hard Woman (baladão de FM, boa pra ouvir de madrugada). Salvei 4 de 9... Será que eu gosto desse disco?!?
"Just Another Night" é uma musga legal, divertida, só. Ruim, não acho q seja.
"Lonely At The Top" tem em uma demo dos Stones circa 1980 que eu acho mais legal.
"Hard Woman" é bem isso que o Zeca descreveu, não chega a ser ruim. Engraçado é que, no videoclipe (marco de época, cheio de efeitinhos de computador, lembro disso passando no Fantástico), a música aparece em arranjo e gravação diferente, um pouco acelerada e bem mais brega que no disco.
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