sábado, 8 de novembro de 2008

Moody Blues - Long Distance Voyager (1981)


Engraçado como poucas pessoas lembram da existência do Moody Blues fora do eixo progressivo de apreciação musical. Geralmente ouvimos um certo senso comum opinando sobre Genesis, Yes, Pink Floyd, talvez King Crimson. Os Moodies, coitados, sempre são sacados da conversa. Isso é lamentável, principalmente porque a banda tem, pelo menos, uns dez discos belíssimos, alguns essenciais para o entendimento do rock progressivo mais soft, distante do modelo de canção grande ou das tentativas - chatas para o ouvinte médio - instrumentais de mostrar habilidade e relevância.

O mais interessante é observar que todas essas formações progressivas envelheceram demais no fim dos anos 70 e adentraram a nova década procurando uma sonoridade que as colocasse no mesmo grau de relevância das bandas pós-punk e/ou new wave. Essa atitude gerou verdadeiros monstros musicais, no bom e no mau sentido. A criação de Long Distance Voyager se encontra entre os acertos dentro dessa nova visão musical.

Este é o segundo disco do Moody Blues a surgir depois da parada que a banda empreendeu após o lançamento do maravilhoso Seventh Sojourn, em 1974. Quatro anos depois veio o irregular Octave, o que nos leva a esse feixe de canções de 1981. O uso do sintetizador emulando sonoridades futuristas de videogame está aqui, dando origem aos timbres "Hollywood ao Sucesso" que marcaram bandas como Asia ou Journey. Só que, à medida que esses grupos surgiram emulando o modelito sonoro, Moody Blues, Yes, Pink Floyd, Genesis, já estavam lidando com eles anos antes.

Justin Hayward, John Lodge, Ray Thomas e Graeme Edge recebem Patrick Moraz, ex-Yes, para assumir os teclados - posto vago desde a saída de Mike Pinder, após as sessões de Octave, o disco anterior. O que temos é um belo disco, com uma visão ambiciosa, mas usual para a época: o Moody visava emplacar hits nas paradas radiofônicas conseguir cravar dois com Long Distance - o rock "The Voice", energético até demais para "velhos" rock'n'rollers e a belíssima balada "Talking Out Of Turn", minha Top 2 do cânon Moodie, perdendo apenas para a soberba e arrepiante "New Horizon", de 1974.

Lembro de me deparar - via rádio - com a excelência sinfônica de "Talking..." num desses programas da madrugada, cujas músicas nem eram anunciadas - algo que se tornou usual hoje em dia - e que me causou desespero até descobrir o grupo que cantava aquela música. A composição e letra - a cargo de John Lodge - falam dos momentos em que as pessoas não se entendem mais, falam besteira, se arrependem, tentam voltar atrás e percebem que já é tarde. Tema triste, mas, de certa forma, incomum para uma banda progressiva abordar. Além dela e de "The Voice", Long Distance Voyager ainda guarda a simpaticíssima aventura roqueira de "Veteran Cosmic Rocker" e as plácidas "Painted Smile" e "Meanwhile". O clima anos 80 fica por conta da datadíssima "Gemini Dream", uma overdose de sintetizadores mal orientados. Ou não.

Para conhecer os Moodies, o caminho é o seguinte: ouça TODOS os discos gravados entre 1967 e 1974. Depois, familiarizado com o padrão da banda, caia dentro dos trabalhos oitentistas deles e se esbalde com as tentativas de um dinossauro discreto do prog-rock em manter-se atual. Vale a pena.

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